sábado, 13 de agosto de 2011

Madeleines


São muitas versões sobre o seu surgimento, porém a mais difundida conta que, em 1755, numa situação de emergência, pois o confeiteiro titular faltara ao serviço, uma jovem empregada da marquesa Perrotin de Baumont preparou a receita da avó, assada em uma concha de vieira para um banquete em homenagem a Stanislas a pedido do sogro de Luis XV.
O ex-rei e então duque de Lorena encantado com o perfume e sabor da novidade, quis conhecer a autora, perguntando-lhe o nome, onde nascera e como se chamava a invenção. Ela disse chamar-se Madeleine Paulmier e revelou ter nascido em Commercy. Como o bolinho não possuía nome, Stanislas o batizou: “Vai se chamar madeleine de Commercy”. No dia seguinte, enviou a novidade para a filha comilona, Maria Leszczynski, mulher de Luís XV, na Corte de Versalhes. Até a morte do duque de Lorena, em 1766, a receita permaneceu secreta.
O que realmente sabemos é que ficaram famosas através do Marcel Proust, que descreveu em sua autobiografia seu acordar experimentando as madeleines embebidas em chá.
"Ela me deu um desses pequenos, gordos bolinhos chamados petites madeleines, que parecem como se tivessem sido moldadas em uma concha. E logo, mecanicamente, cansado após um dia aborrecido com a perspectiva de um amanhã deprimente, eu dirigi aos lábios uma colherada de chá onde eu tinha colocado um pedaço do bolo. Mal o líquido quente, e as migalhas com ele, tocaram meu paladar, que um arrepio percorreu meu corpo inteiro, e eu parei, cobiçando as extraordinárias mudanças que estavam ocorrendo ao mesmo tempo... as vicissitudes da vida haviam se tornado indiferente a mim, seus desastres inócuos..."

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